quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

(neblina)

Contive-me para não te escrever. Mesmo querendo saber como estás, se descansaste o suficiente durante a noite e do cansaço acumulado do stress desse teu dia-a-dia. Escrever é tudo o que consigo. Não tenho voz e apesar de levemente solto, o nó que tinha no peito alojou-se na garganta impedindo-me de gritar. Controlo as lágrimas que estupidamente, escolhem-me pelo rosto quando questionada se está tudo bem. Mas não quando falam de ti. Ao falar de ti finjo uma frieza que não tenho, visto a capa dura de quem sabe lidar com o meta verso onde agora estamos. A viver o mesmo dia mas em espaços diferentes. O dia é mais vazio. O telemóvel não notifica a tua presença, aquela em que mesmo em longos períodos de ausência eu apaziguava a saudade. Saudade ao lembrar dos abraços, embalados pelo ritmo cardíaco que desacelerava a cada respiração e que embalava os meus sonhos. Pensava eu, ser um caos total, que havia encontrado calmaria nesse mar que és sem saber da braveza das ondas que trazes dentro. Arrisquei-me a mergulhar sem pensar voltar mas trouxeste-me à costa, à terra firme de onde tanto quero sair. Não sei porque oceanos andas ou o que esperas encontrar, mas continuo ancorada perdida na neblina, embalada pelo rebentar das ondas que entoam no vazio que deixaste.