sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Yellow flowers

O mais provável é que hoje tenha sido a última vez que visitei esta casa. A tua casa. A casa que me viu crescer e sonhar. A casa donde tão boas recordações guardo e guardarei.

Hoje, ao tirar esta foto, lembro-me das vezes em que andava no meio do jardim, cheio dessas flores amarelas que, até ao presente dia, não lhes achava grande gabarito. De ir colher alecrim ou erva cidreira. De jogar ao mata com o Tiago, e de ir a correr para os teus braços porque ele não controlava a força ou, das discussões infinitas quando lhe roubava os legos e nos davas aqueles ralhetes.

Ir à oficina era recuar a um tempo que não tenho memória, onde fui muito feliz... à se fui! Pensar que o avô tinha construído aquilo tudo... e que era ali, por aquela vidraça partida que ele via, e ria, das fugidas aos ataques da capoeira.
Recordo um pouco mais adiante, das tardes a brincar com os cães. Da avó, sentada ao sol a fazer as suas lãs e do cheiro... ai o cheiro daquele leite com café...

Parece que nada será como antes. 

As telhas caíram, a oficina está abandonada e o jardim idem. As ervas cresceram, os cães também eles partiram e só o vazio do silêncio parece ter ficado. 

Sentei-me uma última vez naquele muro, na expectativa de ouvir a tua voz ao fundo a gritar para que saísse lá de cima. Mas nem isso.
As flores amarelas ainda cá estão. Continuo a não lhes achar piada mas de algum modo, observa-las ao vento, trás um conforto inexplicável... que apazigua a saudade.

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